COOPER-FORD "KING COBRA" #1
Eu e muitos antigomobilistas da minha faixa etária, ou seja, na casa dos cinquenta e muitos a sessenta e poucos anos, aprendemos a idolatrar alguns carros de corrida dos anos 60 porque os víamos em escala 1/32 e/ou 1/24 nas pistas de autorama que frequentávamos.
Mas, tanto quanto o Cheetah e o Zerex-Hussein, o Cooper-Ford não aparecia nas páginas das revistas brasileiras de automobilismo. Também pudera, o Cooper-Ford correra ativamente a partir de 1963 e depois que a Can-Am foi criada em 1966, apenas participava de provas da SCCA (Sports Car Club of America), que praticamente não tinham projeção na mídia brasileira.
Voltando um pouco no tempo, as provas de carros esporte-protótipos começaram a sério nos Estados Unidos por volta de 1963, com novos carros sendo construídos. Antes, basicamente corria-se com carros europeus. Pouco a pouco os novos protótipos, a maioria formada de chassis europeus equipados com os veoitões americanos, começaram a sobrepujar os europeus, principalmente os carros baseados no Cooper Monaco Type 61. Originalmente equipados com motores Coventry Climax de 4 cilindros e 2700 cm3 e 240 HP, os Cooper Monaco tinham chassi e suspensões baseados monopostos da Formula 1 e carroceria de alumínio.
Um grande piloto teve árduo trabalho em convencer Carroll Shelby que novos carros seriam ideais para as provas do novo campeonato da SCCA. Shelby foi reticente no início, visto que o trabalho com os Cobra Roadsters 289 estava apenas começando. Mas estes já estavam competivos na categoria “Production Cars”, no entanto para a categoria “Protótipos”. Carros modernos, mais leves e aerodinâmicos, com motor entre-eixos seriam ideais, tais como um Cooper Monaco modificado para receber os motores V8 norte-americanos.
Logo Shelby contatou John Cooper, voou para a Inglaterra e de lá voltou com dois Cooper Monaco sem motor. No quartel general da Shelby American, mecânicos, entre eles Dave MacDonald, que trabalhava na Cobra como mecânico quando não estava pilotando para o patrão, soldadores e todo mundo que pudesse ajudar, trabalharam duro nos chassis para que fossem instalados…
…motores Ford 289 (4700 cm3) que, com o “auxílio luxuoso” de uma floresta de Webers 48 IDA e o toque mágico de Shelby na preparação, despejavam 370 HP. Not bad, apenas 130 HP a mais do que os Cooper Monaco estavam acostumados. As suspensões basicamente mantidas, freios a disco Girling nas quatro rodas e…
…transmissão (transaxle) Colotti de 4 velocidades ou Huffaker, também de 4 velocidades, esta desenvolvida a partir de carcaças de diferenciais “Quick Change” Halibrand, já mostrados aqui no blog. E peso total ao redor de 650 kg.
Os carros de Carroll Shelby foram logo chamados de King Cobras pela imprensa especializada. E assim nascia a mais famosa versão dos Cooper Monaco equipados com motores norte-americanos.
E da mesma forma como foi com o Cobra Roadster 289, coube a Dave MacDonald levar o Cooper-Ford King Cobra à sua primeira vitória em 1963, vencendo o Los Angeles Times Grand Prix em Riverside.
Jim Hall com seu Chaparral na pole position, Dave MacDonald e Bob Holbert, ambos de Cooper-Ford “King Cobra” na frente do grid de largada.
Assistam ao video abaixo em que aparecem, dentre outras personalidades do automobilismo, os astros de Hollywood Steve McQueen, Jayne Mansfield, além do grande piloto Dave MacDonald “The Master of Oversteer” dando um show de derrapagens controladas.
httpss://www.youtube.com/watch?v=I4Uv8iimrKA
Grandes pilotos como A.J.Foyt, Jim Clark, Roger Ward, Parnelli Jones, Jim Hall, Pedro Rodriguez, Dan Gurney, Bob Bondurant, John Surtees, Billy Krause, Dick Thompson, Walt Hansgen, Augie Pabst, Lloyd Ruby, Don Wester, Bob Holbert, Richie Ginther and Roger Penske não foram empecilhos para MacDonald naquele dia, em que o velocíssimo piloto chegou praticamente uma volta à frente do segundo colocado.
Sherry sempre ao lado de Dave após as vitórias.
E como Dave MacDonald estava com tudo naquela época e o King Cobra respondia à altura, não fez por menos, logo em seguida venceu o Pacific Grand Prix.
Continuamos no próximo capítulo, com mais histórias sobre os Cooper-Ford “King Cobra”.
Luiz Vicente Miranda, engenheiro mecânico, antigomobilista, possui um MGB Roadster 1967 e um Porsche 914 1974, entusiasta de esportes a motor, ex-kartista e motociclista apaixonado por máquinas inglesas, como Triumph, HRD-Vincent, Norton e BSA…
(reprodução)
