UMA VOLTA NO OKRASINHA…

Poucas pessoas, ficaram tão agradecidas e ao mesmo tempo, estarrecidas com a performance da barata, que adora “brincar” no seu habitat natural, as retas e curvas de Interlagos. O Joca já tinha feito algo a respeito, quando da época, mas agora essa recriação da coluna, com um tempero a mais, “de campeão”, ele fez questão de reescrever…parabéns Joca, pela louca lucidez de me acompanhar em uma volta rápida no Okrasinha!
Galera vamos ao mágico texto do Joca…

“Faz muito tempo, quase cinco anos atrás. Mal conhecia o Saloma, apenas nos cumprimentávamos naqueles saudosos farnéis que a gente fazia em Interlagos. Pois bem numa daquelas etapas da SuperClassic, chamaram o Saloma para puxar o pelotão com o Okrasinha, até então um quase desconhecido.

O Paulo Tohmé havia sido convidado para acompanhar o Saloma, mas na última hora cedeu a vez para mim. E ali, na saída do box, me instalei no banco do passageiro. Pouco familiarizado com o carro, apenas passei o cinto de quatro pontos, nem me dei o trabalho de apertá-lo adequadamente. Saloma avisou: “Não precisa, vou devagar, é só volta de apresentação.” E eu, ingênuo, acreditei…

Saímos já bem embalados dos boxes, o Okrasinha empurrando rápido pela reta, contornamos as duas pernas do lago, eu já me mexendo no banco. Veio o Laranjinha e tive que me segurar no banco, o aviso estava dado só que não entendi naquele momento. Contornamos o resto do circuito e ultrapassado o pelotão de carros, nos instalamos á esquerda da pista. Ao nosso lado, o Porsche 550 Spyder do Zullino.

Ok, bandeira agitada, Saloma arranca firmemente rumo ao S do Senna, o motor 1200 do Okrasinha falando alto, com o Porschinho ao nosso lado. Na entrada da curva, Saloma dá um toque no freio, vira rápido o volante para a esquerda e embicamos na descida do S, eu indo para a direita, solto no banco. Olho desconfiado para o Saloma e ele sorri, maroto: “se segura, malandro!”

Descemos a reta, Saloma de pé embaixo enquanto as placas se sucedem: 200, 100 e 50 (afeeee) metros. Me agarro como posso no banco, o Porschinho já ficara para trás. Na entrada da primeira perna da Curva do Lago, Saloma aplica o punta-taco, joga a frente do Okrasa, a traseira escorrega suavemente, contra esterço rápido e bota ordem na casa.

Aperta mais ainda o pé direito na saída da segunda do Lago e nos aproximamos rapidamente do Laranjinha, curva tinhosa pois tem duas tangências e de alta. A primeira tangência é um pouco mais aberta, no meio da curva se fecha mais para a direita, a traseira indócil ameaça ir embora. Nada que um leve contra-esterço para a esquerda não resolva. Novamente, punta-taco à feição, redução para terceira, com o motorzinho urrando atrás de nós.

Rapidamente chega o “S” e a brincadeira fica séria. Okrasinha já equilibrado, e vem a freada forte, novamente a frente é jogada para dentro da curva, enquanto me apoio na boda do banco. Minha vontade é me agarrar no PQP logo ali em frente no painel, mas um último resquício de dignidade me impede o tresloucado gesto. Cagaço puro…!

Contornamos o S, pneus cantando alto, Saloma joga uma quarta pra aliviar a bagaça, trazendo o carro sob controle em rápidos movimentos ao volante. Retorna rápido para terceira, fazemos o Bico de Pato e mergulhamos rumo ao…Mergulho! Curva rápida, o Okrasinha vem meio de lado, ali já se pega uma quarta, volta-se para terceira já na subida para o Café.

Daí por diante é pé no porão, o Okrasinha urrando livre, leve e solto. Saloma o mantém bem colado à parte interna da pista, termina a subida, joga-se quarta marcha. Mas logo aparece a faixa que delimita e entrada dos boxes, Saloma desacelera e o Okrasinha desliza na subidinha que dá acesso, enquanto mais de duas dezenas de carros urram e rugem atrás de nós, preparando-se para a largada.

Missão cumprida. E pena que acabou…”

(oia…eu volto)

Nota do blog: obrigado, mestre Joca, de coração com o carinho com o nosso mascote do blog e querido por todos, o Okrasinha!
(reprodução/mestre Joca)