"SEU" ALFREDO PRANDATO…

Apresento aos blogueiros, parceiros e ao povo do boteco, mais um “textólogo” de primeira…Alfredo Prandato Junior

UMA VENTURA EM INTERLAGOS NO ANO DE 1949
Por Alfredo Prandato Jr
“Faço desse depoimento uma homenagem a meu pai Alfredo Prandato que faleceu em 1987 aos 75 anos e que tenho certeza ficará de onde estiver, muito contente”.

No inicio de 1949, (eu tinha alguns meses de vida) meus pais moravam no bairro de Vila Prudente. Lá também moravam dois irmãos portugueses que tinham muito dinheiro e que na época eram verdadeiro play-boys.
Gostavam de velocidade e por isso importaram da Itália um carros de corrida, na época o equivalente hoje a um formula 1. Eu só não me lembro agora se era um Masserati ou um Alfa Romeo. O carro não era novo e quando chegou em São Paulo todo desmontado e em condições mecânicas bem precárias, meu pai mecânico e amigos dos irmãos portugueses, foi contratado para fazer a restauração e montagem do veículo.
Meu pai teve um trabalho danado para colocar o veículo em condições de corrida. O mais incrível da historia vem agora. Um dos irmãos se inscreveram para uma corrida que seria realizada no autódromo de Interlagos no mesmo ano de 1949. Nessa época a região onde foi construída essa pista era o verdadeiro fim do mundo.
Para chegar até lá existia uma “auto-estrada” construída por iniciativa particular e é claro para usá-la era necessário pagar pedágio.

Meu pai sentado no “bólido”

No dia da corrida onde iriam participar pilotos experientes e famosos, dentre eles segundo me contou meu pai, estava o nosso famoso corredor Chico Landi.
Sabe o que aconteceu horas antes da largada da corrida, com o português que iria participar da prova com o carro que ele tinha importado e do qual meu pai restaurou?
O “morruga” afinou, ficou com medo.

Junto ao “bólido” os dois irmãos “morrugas” proprietários do veículo

Meu pai ficou inconformado, depois de tanto trabalho, ele não queria que todo esforço e dedicação fossem por água abaixo. Ele então com seus 37 anos e como bom mecânico e motorista que era, achou que poderia também ser piloto. Coragem ele tinha, só que deveria lembrar que era casado, tinha uma filha com 9 anos de idade e eu com poucos meses de idade. Ele trabalhava como mecânico, mas como empregado e dependia do emprego para sustentar a família.

O carro cercado de curiosos acredito eu, momentos antes da largada

Adivinha o que aconteceu. Ele na última hora se inscreveu para correr, parece que foi com outro nome ou quem sabe lá como conseguiu. Só sei que ele alinhou para a partida. Segundo ele me contou, depois de algumas voltas ele tomou uma fechada na curva do pinheirinho (temos que lembrar que o traçado de Interlagos era maior do que o de hoje e a pista com um asfalto muito precário, cheio de buracos e sem acostamento ou guard-rail), saiu da pista e capotou. Foi de ambulância para o Hospital das Clínicas onde foi constatado depois de um Raio X que ele tinha fraturado a clavícula. Foi então colocado um colete de gesso.
E agora, como chegar em casa e encarar a “patroa”, ela de nada sabia. Ou melhor, só sabia que ele iria para Interlagos no dia da corrida trabalhar como mecânico do “morruga” . Como iria explicar que não poderia trabalhar por pelo menos 3 meses, isso mesmo, 3 meses. O dono da oficina mecânica não iria quere saber. Ou trabalhava ou não recebia. Eles nem registravam os empregados, então não teria como receber auxilio doença do então INSS, se é que isso existia naquela época.

Um dos irmãos junto ao seu carro de passeio

Meu pai do lado esquerdo e do outro um dos irmãos

Minha mãe que já costurava em casa para ajudar o sustento da família teve de trabalhar dobrado para pagar as contas no fim do mês, a sorte é que naquela época existia a famosa caderneta, popularmente chamada na época de “cardeneta” nos armazéns de Secos e Molhados, padarias e açougues. Era só comprar, o vendedor anotava tudo e o pagamento feito no dia combinado, tudo na base da confiança. Hoje isso seria impossível.
No fim, ele pelo menos se sentiu realizado, viu o carro que ele restaurou correr em Interlagos e o mais importante, foi também um piloto de corridas mesmo que por poucos momentos é claro, mas que ele nunca se esqueceu durante toda a sua vida.
Esse prazer eu nunca vou ter, o máximo que consegui foi dar uma volta de bicicleta no atual circuito e tendo de subir a ladeira que antecede a reta de chegada empurrando a “magrela”, de tão cansado que eu estava.
Alfredo Prandato Jr

Luiz Salomão

Blogueiro e arteiro multimídia por opção. Dublê de piloto do "Okrasa" Conexão direta com o esporte a motor!

20 comentários em “"SEU" ALFREDO PRANDATO…

  • 27 de abril de 2009 em 19:20
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    É a coisa está ficando cada vez melhor…

    Resposta
  • 27 de abril de 2009 em 19:20
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    É a coisa está ficando cada vez melhor…

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  • 27 de abril de 2009 em 21:29
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    Por ter sido narrado por um “Xará” meu e coincidentemente nascido no mesmo ano, só tenho a agradecer e dar meus parabéns a esta bela história que só vem a brilhantar nosso antigomobilismo…

    Alfredo Gehre

    Resposta
  • 27 de abril de 2009 em 21:29
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    Por ter sido narrado por um “Xará” meu e coincidentemente nascido no mesmo ano, só tenho a agradecer e dar meus parabéns a esta bela história que só vem a brilhantar nosso antigomobilismo…

    Alfredo Gehre

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  • 27 de abril de 2009 em 22:27
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    Eu tambem já conhecia esse maravilhoso texto do Prandato, através do FNVA.
    E dou uma dica: Quem estiver procurando por manuais de carros antigos, é só procurar o Prandato.
    Ele comercializa esses manuais (originais e excelentes cópias) e tem salvado muitos colecionadores que andam garimpando esse importante ítem.
    Gente finíssima o Prandato.
    E mais uma vez, parabens pelo texto, amigão.

    Resposta
  • 27 de abril de 2009 em 22:27
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    Eu tambem já conhecia esse maravilhoso texto do Prandato, através do FNVA.
    E dou uma dica: Quem estiver procurando por manuais de carros antigos, é só procurar o Prandato.
    Ele comercializa esses manuais (originais e excelentes cópias) e tem salvado muitos colecionadores que andam garimpando esse importante ítem.
    Gente finíssima o Prandato.
    E mais uma vez, parabens pelo texto, amigão.

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  • 27 de abril de 2009 em 23:37
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    Saloma,mais um belo texto.Quanto aos carros,são Chevrolets,se não me engano,um 1940 e o outro 1941.
    Abraços.

    Resposta
  • 27 de abril de 2009 em 23:37
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    Saloma,mais um belo texto.Quanto aos carros,são Chevrolets,se não me engano,um 1940 e o outro 1941.
    Abraços.

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  • 30 de abril de 2009 em 20:55
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    Guilherme, seu blog é muito bom…galera vale a pela clicar no link!

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  • 30 de abril de 2009 em 20:55
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    Guilherme, seu blog é muito bom…galera vale a pela clicar no link!

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  • 3 de março de 2011 em 18:01
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    Oi Fred, gostei muito de saber dessa história do meu tio Alfredo.
    Ele sempre foi muito divertido e nos alegrou bastante com suas façanhas.
    Estamos com saudades de voces !!!!
    Beijos, sua prima,
    Dirce

    Resposta
  • 3 de março de 2011 em 18:01
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    Oi Fred, gostei muito de saber dessa história do meu tio Alfredo.
    Ele sempre foi muito divertido e nos alegrou bastante com suas façanhas.
    Estamos com saudades de voces !!!!
    Beijos, sua prima,
    Dirce

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  • 2 de abril de 2011 em 19:18
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    OI Fred,sou irmã da Dirce,ela me mostrou seu bog achei legal D+,
    lembrei do meu tio mas divertido ,engraçado,carinhosocom vovo Maria,
    ai deu saudades ,gostei de saber que vc tbm é como ele .
    UM grande abraço da sua prima quase mineira e butekeira tbm…kkkkkbjokas
    Alice licinha

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  • 2 de abril de 2011 em 19:18
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    OI Fred,sou irmã da Dirce,ela me mostrou seu bog achei legal D+,
    lembrei do meu tio mas divertido ,engraçado,carinhosocom vovo Maria,
    ai deu saudades ,gostei de saber que vc tbm é como ele .
    UM grande abraço da sua prima quase mineira e butekeira tbm…kkkkkbjokas
    Alice licinha

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