CAROL FIGUEIREDO – GRANDE PILOTO, MESTRE E PIONEIRO E CAMPEÃO NOS KARTS
Participou da primeira corrida de Karts que aconteceu no Brasil. Logo se destacou nos Karts, sendo o seu Kart o nº 1.
Carol Simões Figueiredo, nasceu em São Paulo em 1941. Sua família inicialmente morava na Rua Oscar Freire. O pai era corretor de algodão na bolsa de mercadorias e futuros em SP, e sua mãe artista plástica.
Carol estudou no Colégio Santa Cruz, e posteriormente no Elvira Brandão. A paixão do seu pai pelo Hipismo, o levou a mudar-se para Santo Amaro, para perto da Hípica. Como seu pai praticava o hipismo, Carol chegou também a praticar este esporte, por um tempo.
Quando foi estudar no Mackenzie, foi contemporâneo de José Carlos Pace e de Wilson Fittipaldi que também estudavam na mesma escola. Foi aluno do prof. Rubens Carpinelli que ainda viria a ser um grande incentivador do automobilismo e presidente da FASP pór anos.
No final dos anos 50 foi trabalhar em Ribeirão Preto. Ganhou de presente do pai um MG, e passou a fazer a manutenção na oficina do Claudio Daniel Rodrigues, que foi o introdutor dos Karts no Brasil e construiu o primeiro Kart brasileiro. Isto logo o levou a correr com os Karts.
Participou da primeira corrida de Karts que aconteceu no Brasil. A prova aconteceu no Loteamento do Jardim Marajoara Zona Sul de SP, em 1960. Logo se destacou nos Karts, sendo o seu Kart o nº 1. Seu Kart ficava guardado na casa do amigo Valdo Cestari, e muitas vezes rebocava o Kart com sua Lambretta até o local das provas, e algumas vezes Carol foi pilotando o Kart pela rua mesmo!
Em 1962 participa de uma prova de Kart em Buenos Aires, que foi realizada dentro de um Velódromo, em uma oval inclinada, verdadeiro desafio. Toda uma geração de pilotos de sucesso correu com os Karts: Wilsinho Fittipaldi (e mais tarde Emerson), José Carlos Pace, Maneco Combacau, Ludovino Perez entre tantos outros.
Logo recebeu o convite de Luiz Antonio Greco para correr pela equipe Willys. Em sua estreia em uma prova para novatos, promovida pelo Automóvel Clube Paulista, venceu e teve como segundo colocado José Carlos Pace. Conciliando seus estudos, trabalho, corridas de Kart e de carros, sua vida era bem atribulada.
Passou a correr com os novos Karts da equipe Mini dos irmãos Fittipaldi, com motores desenvolvidos por Mario Carvalho. Os outros pilotos da equipe Mini eram o próprio Wilsinho, Maneco Combacau e posteriormente Emerson. Carol consolidou a sua posição na equipe Willys, destacando-se entre os melhores pilotos. Correu provas de longa duração em dupla com Luiz Pereira Bueno.
Fez parte também da prova de longa duração que tinha o objetivo de comprovar a resistência do Gordini. Depois de haver casado com sua esposa Wilda, Carol voltou a morar em São Paulo. Foi trabalhar inicialmente na Cervejaria Paulista (que pertencia ao avô de Wilda), e depois na Dacon a convite de Paulo Goulart. Naquela época a Dacon estava montando a sua equipe de competição, com os Karmann-Ghia Porsche.
Não havia competição fora das pistas, Carol pilotava para a Willys, mas trabalhava na Dacon. Em 1965 na inauguração do Autódromo de Jacarepaguá no Rio de Janeiro, Carol vence a prova, e novamente José Carlos Pace fica em 2º lugar.
Pace corria nesta época pela Dacon, e Carol pela Willys, mas eram amigos e se abraçam emocionados no pódio. Com o fechamento do departamento de competições da Willys, Carol passou a correr pela equipe de Luiz Antonio Greco. Carol era um piloto técnico, arrojado e andava rápido.
Em 1968 participa das “3 Horas de Velocidade de Petrópolis”. Esta prova que sempre foi perigosa, teve neste ano o sentido invertido (apesar dos protestos de pilotos como Aylton Varanda e Mário Olivetti por conhecerem bem o trajeto e foram contra a troca do sentido do circuito). Ainda na qualificação o piloto Sergio Cardoso sofre um grave acidente, que o vitimou fatalmente. Cacaio sofre outro acidente, e também Aloísio Henrique Kraischer, que na tomada de tempo, sofre outro grave acidente ao final da reta da Av Ipiranga (piso metade paralelepípedos e asfalto) antes da Curva da Catedral, mas não sai com ferimentos. O piso de paralelepípedos era traiçoeiro.
No dia da prova, Carol derrapa na curva de subida da Rua Floriano Peixoto, metros depois do local do acidente do piloto Sérgio Cardoso, sobe nos sacos de areia, bate em um paredão, depois em um poste, roda e bate em outro poste. Todos são tomados de pânico, e correm para socorrê-lo. Carol foi tirado do carro às pressas, por Wilson Fittipaldi que chegou a ir para correr de Fitti-Porsche mas pelo perigo do piso e a altura do carro desistiu de competir na prova.
Ficou internado dois meses no Hospital, e com colete de gesso, por mais seis meses. A corrida do Circuito Automobilístico Cidade de Petrópolis foi a última que Carol participou com carros. As autoridades de Petrópolis proibiram a prova definitivamente. Depois de recuperado, voltou a correr com os Karts e retornou a equipe Mini. Voltou a competir em alto nível com os Karts, que dominava totalmente, e logo vieram os resultados positivos, com muitas vitórias e campeonatos conquistados. Sua carreira foi se internacionalizando, tendo participado do campeonato mundial de Kart.
Em 1970 passa a competir com os Karts, na poderosa equipe Hollywood de Anísio Campos. A equipe que foi a maior e mais bem organizada que houve, tinha desde carros de Turismo a Fórmulas e também a divisão de Karts. Os pilotos eram Carol, Maneco Combacau, os irmãos Lofti e Paulo Salles. Naquele mesmo ano Carol e Maneco Combacau, fundam uma escola de pilotagem de Karts, onde muitos dos futuros pilotos que tiveram destaque e conquistaram títulos e vitórias, passaram por lá.
No primeiro campeonato Sul-Americano em El Pinar no Uruguai (mesmo local onde Bird Clemente, obteve a primeira vitória internacional, com um carro fabricado no Brasil), onde obteve uma gloriosa vitória para o Kartismo brasileiro. Depois que parou de correr, Carol passou a se dedicar a família, e um de seus filhos Flavio (Nonô) Figueiredo, seguiu a paixão do pai pelo automobilismo, e hoje corre nas categorias de Endurance no Brasil e Internacionalmente com destaque e na Stock Car.
Por Leonarde Pavani – administrador da página “OS PRECURSORES” e colunista do site Conexão Saloma.