ROBERTO ARANHA E O ALPINE…

Papo de boteco é isso, pipocou virou entrevista…
Roberto, conte para nós do seu encontro com Jean Rédélé?
Roberto Aranha: Poxa como você soube da história do Jean Rédélé? Foi uma oportunidade muito especial e definitivamente me marcou até hoje. Após o lançamento do Interlagos, que teve um sucesso inesperado, o Jean Rédélé foi convidado pela Willys através do Max Pearce e de meu pai para conhecer o Brasil e a sua criação…

LS: Qual foi o modelo inicial…
RA: Do Modelo A 108, foram produzidas somente 200 unidades na França de 1959 a 1962. No Brasil, em 2 anos, já produziram 400 carros! A permissão da fabricação da marca Alpine no Brasil era paga pela Willys com Royalities e gerou um lucro para a Alpine o que viabilisou todo o projeto do A110 e sua vitoriosa trajetória na Europa.

LS: Em 1964, surge a revista AE, e logo na primeira edição um teste com o amarelinho 22 da Equipe Willys em Interlagos e observado por Rédélé…
RA: Janeiro de 1964, eu tinha 10 anos e o casal Rédélé veio passar o fim de semana na fazenda, perto de Volta Redonda, de nossa família.
Eu pesquei entre as conversas dos adultos, que viria um francês , piloto de corridas, que havia participado de Le Mans com um Interlagos fabricado por ele. Resumindo: foi oferecido pelo meu pai que Rédélé experimentasse nosso carro, uma Berlinete 64 vermelha motor 1000 de competição com descarga sem silencioso, preparada pela fábrica e que estava em nossa casa como “company car”.

LS: E vc perdeu essa chance de tirar uma lasquinha?
RA: Eu nem sei como mas me vi sentado no carro, meio que por instinto, com um seguro objetivo de saber como um piloto dirige um carro de corridas.

LS: E aonde foi o passeio?
RA: Saímos por um estrada de terra, por uns 5 km devagar, ele tentando se comunicar comigo e eu, que aos dez anos mal falava português, me fiz entender que gostaria de ver o ponteiro nos 140 km e para isso apontava para o painel.

LS: Bom até agora estava esquentando a barata e daí…
RA: Ao chegarmos no asfalto, na estrada que liga Volta Redonda à Barra do Piraí, assisti e ouvi se fazer musica com o câmbio e com o motor.

LS: E a tocada com a barata?
RA: Os seus movimentos com volante eram como se ele estivesse regendo uma orquestra, precisos e suaves, que faziam a Berlinete voar entre as tangentes daquela estrada. Outra coisa inesquecível eram as ultrapasagens e as freadas de aproximação aos lerdos e enormes Fenemes. Note que nosso ponto de vista estava abaixo dos seus diferenciais!

LS:
O trajeto foi longo?
RA: Foram uns 40 km de passeio inesquecíveis que me marcaram muito.

LS: E que lembranças ficaram desse encontro?
RA: Estas lembranças, que estão muito presentes e vivas até hoje, com a notícia de sua morte adquiriram uma conotação de saudade e do privilégio de poder ter assistido Jean Redelè pilotar uma Berlinete.
Tenho certeza que a minha paixão por automobilismo se formou e se consolidou neste dia.

LS: E vc não disse quanto chegou a velô no passeio?
RA: O velocímetro marcou 160!!
(reprodução/conteúdo Roberto Aranha)

Luiz Salomão

Blogueiro e arteiro multimídia por opção. Dublê de piloto do "Okrasa" Conexão direta com o esporte a motor!

16 comentários em “ROBERTO ARANHA E O ALPINE…

  • 14 de maio de 2008 em 09:50
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    Comparsas é o seguinte…uns podem estranhar o porque de replicar a matéria da entrevista com o Beto Aranha. Cx postal manda vários comentários sobre o assunto dos Alpines “Enfant Terrible” das provas de rallye, principalmente os A-108 e 110 que chegaram a baixar por aqui. E acredito que nada mais oportuno para começarmos o papo, com a entrevista exclusiva com Aranha, um cara muito querido e admirado no meio automobilístico. Por isso taí, para a galera rever e os que não chegaram a ver…belo papo e fiquei imaginando na emoção passada pelo cabra!
    abs a todos
    LS

    Resposta
  • 14 de maio de 2008 em 09:50
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    Comparsas é o seguinte…uns podem estranhar o porque de replicar a matéria da entrevista com o Beto Aranha. Cx postal manda vários comentários sobre o assunto dos Alpines “Enfant Terrible” das provas de rallye, principalmente os A-108 e 110 que chegaram a baixar por aqui. E acredito que nada mais oportuno para começarmos o papo, com a entrevista exclusiva com Aranha, um cara muito querido e admirado no meio automobilístico. Por isso taí, para a galera rever e os que não chegaram a ver…belo papo e fiquei imaginando na emoção passada pelo cabra!
    abs a todos
    LS

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  • 14 de maio de 2008 em 12:30
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    Fala Saloma, te faço um convite para visitar meu blog e ver as fotos de minha passagem pelo templo sagrado no último domingo. Deixe um comentário, pois pra mim é importante, ok?

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  • 14 de maio de 2008 em 12:30
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    Fala Saloma, te faço um convite para visitar meu blog e ver as fotos de minha passagem pelo templo sagrado no último domingo. Deixe um comentário, pois pra mim é importante, ok?

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  • 14 de maio de 2008 em 13:37
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    Eu e Roberto fomos colegas de jardim de infância no final dos anos 50. Naquele tempo passávamos o tempo no colégio (Instituto Santo André, no Cosme Velho)rabiscando carrinhos mágicos, Austin Healeys, Jaguares, etc … que povoavam nossos sonhos. Depois reencontramo-nos no kart carioca no início dos anos 70 e de lá Roberto partiu para uma bela carreira no automobilismo, como todos devem se lembrar, pilotando com maestria Mustang, Maverick e a inesquecível vitória nas Mil Milhas Brasileiras a bordo de um Porsche.
    Vale ressaltar que o meu Porsche 914 laranja que vocês viram em Águas de Lindóia foi comprado da Família Aranha.
    Parabéns Roberto, pelo relato e pela carreira.

    Um abraço,
    Vicente

    PS: Roberto, estou aguardando a tal foto em que eu apareço te dando um “tótó” na entrada do miolo

    Resposta
  • 14 de maio de 2008 em 13:37
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    Eu e Roberto fomos colegas de jardim de infância no final dos anos 50. Naquele tempo passávamos o tempo no colégio (Instituto Santo André, no Cosme Velho)rabiscando carrinhos mágicos, Austin Healeys, Jaguares, etc … que povoavam nossos sonhos. Depois reencontramo-nos no kart carioca no início dos anos 70 e de lá Roberto partiu para uma bela carreira no automobilismo, como todos devem se lembrar, pilotando com maestria Mustang, Maverick e a inesquecível vitória nas Mil Milhas Brasileiras a bordo de um Porsche.
    Vale ressaltar que o meu Porsche 914 laranja que vocês viram em Águas de Lindóia foi comprado da Família Aranha.
    Parabéns Roberto, pelo relato e pela carreira.

    Um abraço,
    Vicente

    PS: Roberto, estou aguardando a tal foto em que eu apareço te dando um “tótó” na entrada do miolo

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  • 14 de maio de 2008 em 14:28
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    Complementando as informações, a Societé des Automobiles Alpine foi fundada por Jean Redelé em 1954, em Dieppe, Normandia francesa. O nome veio em homenagem à prova Coupe des Alpes, vencida por Redelé e Luis Pons, ao volante de um Renault 4CV (nosso popularíssimo “Rabo Quente”)bem envenenado. O primeiro carro foi o A106 Mille Miglia, praticamente um Renault 4CV modificado, ainda em 1954. O segundo modelo, o belíssimo A108 (essas denominações obedeciam às designações da fábrica Renault) foi apresentado no Salão de Paris de 1960 sob o nome de Berlinette Tour de France. Nada mais que a nossa famosa berlineta Interlagos, aqui fabricada até 65, salvo engano.
    Dois anos depois,em 1962, é apresentado o modelo Alpine A-110, desta vez montado sobre a mecânica do Renault R-8. Aqui no Brasil, a equipe Willys correu com estes carros nas temporadas de 1965 e 1966, dando estes origem aos afamados Willys Mark I.
    A gente continua depois com os comentários dos amigos…

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  • 14 de maio de 2008 em 14:28
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    Complementando as informações, a Societé des Automobiles Alpine foi fundada por Jean Redelé em 1954, em Dieppe, Normandia francesa. O nome veio em homenagem à prova Coupe des Alpes, vencida por Redelé e Luis Pons, ao volante de um Renault 4CV (nosso popularíssimo “Rabo Quente”)bem envenenado. O primeiro carro foi o A106 Mille Miglia, praticamente um Renault 4CV modificado, ainda em 1954. O segundo modelo, o belíssimo A108 (essas denominações obedeciam às designações da fábrica Renault) foi apresentado no Salão de Paris de 1960 sob o nome de Berlinette Tour de France. Nada mais que a nossa famosa berlineta Interlagos, aqui fabricada até 65, salvo engano.
    Dois anos depois,em 1962, é apresentado o modelo Alpine A-110, desta vez montado sobre a mecânica do Renault R-8. Aqui no Brasil, a equipe Willys correu com estes carros nas temporadas de 1965 e 1966, dando estes origem aos afamados Willys Mark I.
    A gente continua depois com os comentários dos amigos…

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  • 16 de maio de 2008 em 07:02
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    Roberto,

    Essa sensação de ver a estrada por baixo dos chassis de caminhões eu tenho quando ponho o MGB na estrada. E ver uma roda de ônibus ou caminhão mais alta que a capota do carro não é nada agradável. Interlagos dá uma sensação ainda pior pela posição de pilotagem quase deitada. São carros lindos mas ainda bem que não comprei uma Berlineta em São Paulo e optei pelo 914 prata, hoje laranja, de seu irmão Eduardo.

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  • 16 de maio de 2008 em 07:02
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    Roberto,

    Essa sensação de ver a estrada por baixo dos chassis de caminhões eu tenho quando ponho o MGB na estrada. E ver uma roda de ônibus ou caminhão mais alta que a capota do carro não é nada agradável. Interlagos dá uma sensação ainda pior pela posição de pilotagem quase deitada. São carros lindos mas ainda bem que não comprei uma Berlineta em São Paulo e optei pelo 914 prata, hoje laranja, de seu irmão Eduardo.

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  • 26 de maio de 2008 em 21:40
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    Águia vc voltou no tempo, mas um minuto atrasado. Seu tempo foi de 2m06’50”…
    abs
    LS

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  • 26 de maio de 2008 em 21:40
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    Águia vc voltou no tempo, mas um minuto atrasado. Seu tempo foi de 2m06’50”…
    abs
    LS

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