HISTÓRICO – CHRISTIAN “BINO” HEINS, UMA LENDA
Mário Buzian, nosso colaborador, lembra de um dos maiores pilotos de todos os tempos, cuja vida foi ceifada tão cedo, aos 28 anos. Deixamos aqui uma breve biografia do grande Bino pros amigos, espero que vocês gostem!
Histórico de uma lenda!
Piloto paulista, nascido em 1935, começou participando de corridas apenas como passatempo, com um Volkswagen.
Sua primeira grande participação foi com um VW praticamente original,nas Mil Milhas,em dupla com Eugênio “Toco” Martins, onde classificou-se em terceiro lugar, na frente de carros muito mais potentes.
Quando adquiriu um Porsche, em 1954,começou a aprimorar suas técnicas, apesar da sua presença um tanto quanto inconstante nesse período.Conseguiu resultados bem expressivos até 1957, quando decidiu embarcar para a Europa,afim de trabalhar como mecânico. Ficou por lá até 1962,quando retornou ao Brasil para competir,em participações marcantes. Pilotou DKW,Porsche e Alfa-Romeo naqueles tempos.
Bino,como era conhecido, sempre trouxe consigo a fleuma de campeão,pois era metódico e calculista, tinha boa resistência física e conhecia muito bem os carros e motores daqueles tempos. Segundo Luis Antônio Greco, seu parceiro em várias competições, Heins sempre foi um piloto completo, de muita sensibilidade. Seu estilo estava bem adiantado para a época. Guiava bem carros com tração dianteira,traseira ou central,e saía de um e entrava em outro como todos fossem iguais. Tinha excelente desempenho e seus piores resultados sempre foram decorrentes de quebras mecânicas. Nunca bateu, e nos áureos tempos da Equipe Willys, apesar de ser o piloto mais rápido, seu carro sempre terminava mais “inteiro” do que os dos outros.
Bino protagonizou alguns dos mais lindos pegas nas Mil Milhas,vencendo uma vez em dupla com Chico Landi e quebrando a hegemonia dos pilotos gaúchos,que ficaram famosos pelo seu estilo peculiar de pilotagem, adquiridos nas pistas de terra com as famosas “carreteras”.
O ano de 1962 marcou o início do Departamento de Competições da Willys,tendo Bino como seu diretor técnico. Por conta disso,ele decidiu voltar definitivamente e presenciou um novo filão de mercado que estava emergindo por essas terras.
A corrida dos 1000 Km de Brasília foi particularmente empolgante. A largada era dada à meia-noite,e Bino já tinha boa experiência com provas desse tipo. Ele acabou protagonizando um pega sensacional com seu maior concorrente naqueles tempos, Camilo Christófaro,que tinha o hábito de não dar passagem a ninguém, já que corria com carros de ponta,e quase sempre largava na frente.
Assim, Bino fez toda uma ladeira com os faróis apagados,para não ser visto e quando entrou na curva,já estava ao lado de Camilo. Só então acendia os faróis. Fez isso por várias vezes, mas acabou a corrida em terceiro, atrás de de dois JK muito mais potentes,e com o dobro da cilindrada.
Bino correu em várias categorias, com carros diferentes,como os Fórmula Júnior, vencendo muitas etapas,e conquistando o campeonato paulista de 1962.
Sua maior vitória foi nos 500 Milhas de Interlagos, quando teve como parceiro seu grande amigo Greco, ao volante de uma Berlineta Willys Interlagos,nacional, contra a dupla Chico Landi e Mário César de Camargo Filho, mais tarde conhecido como o “Caipira”, ou mesmo “Marinho DKW”, pilotando um Porsche 90-S. Foram quase 800 km de perseguição. Apesar do Interlagos dominar os tempos, o Porsche levava vantagem nas subidas e retas longas,mas Bino sempre soube como recuperar a posição na hora certa e segurar o adversário. Acabaram vencendo, por usar corretamente essa tática.
Em 1963, acabou sendo convidado a correr na famosa 24 Horas de LeMans, porque era o responsável pelo projeto do Willys Interlagos, versão nacional do famoso Renault Alpine francês. Bino conhecia muito bem os perigos dessa corrida,mas mesmo assim conseguiu tirar quase 8 segundos a menos que Rosinaski, considerado o melhor piloto do time oficial Alpine France. Durante a competição, rompeu-se uma biela do motor do Aston Martin de Bruce McLaren, deixando uma grande mancha de óleo ao final de uma reta de quase 7 km. Como os pilotos passavam por ali a mais de 200 por hora, Bruce tentou avisar o controle da prova,mas infelizmente não houve tempo: o francês Jacques Dewez aproximou-se velozmente ,derrapou e saiu da pista, mas conseguiu retomar a trajetória e continuou na prova. Logo em seguida o Jaguar de Roy Salvadori rodopiou e chocou-se contra um poste. O piloto foi socorrido imediatamente,mas não apresentou ferimentos graves.
Outros pilotos continuaram a chegar: o Bonnet de Manzon e Roland saiu da pista, soltando uma fumaça espessa e escura. Nesse momento,Bino apontou no início da reta a mais de 230 km/h. A passagem estava praticamente bloqueada,e quando ele percebeu, já era tarde. Tentando desviar-se do piloto francês,que estava sendo socorrido, Bino acabou jogando o seu carro na poça de óleo, e batendo violentamente contra um poste. As chamas tomaram conta do Alpine em quantos os bombeiros lutavam para retirar o piloto. Bino,entretanto, além das queimaduras, sofrera uma forte pancada na cabeça.Já não era mais possível salvá-lo. (Vejam abaixo, o momento em que já em chamas o Alpine de Christian Heins – canal Nederlands Instituut voor Beeld en Geluid)
httpss://youtu.be/EUBvtzYtmBY
Boa Buzian!
Uma merecida homenagem ao grande Christian (Bino) Heins.
Pilotava muito e conhecia muito de mecanica tambem.
E tinha futuro certo como chefe de equipe, infelizmente interrompido pelo acidente em Le Mans.
Apenas lembrando que o apelido Toco não era de Eugenio Martins e sim de outro piloto, Jose Fernando Martins que levou os Simcas de fabrica a varias vitórias.
Eugenio era conhecido entre os pilotos como Eugeninho.
Falando em apelido, a origem de “Bino” era um diminutivo de Bambino (menino em italiano) do qual Christian era descendente, apesar do sobrenome Heins.
Wilsinho Fittipaldi tambem se inspirou em Bino para batizar o seu primogenito: Christian Fittipaldi.
Grande abraço.
Boa Buzian!
Uma merecida homenagem ao grande Christian (Bino) Heins.
Pilotava muito e conhecia muito de mecanica tambem.
E tinha futuro certo como chefe de equipe, infelizmente interrompido pelo acidente em Le Mans.
Apenas lembrando que o apelido Toco não era de Eugenio Martins e sim de outro piloto, Jose Fernando Martins que levou os Simcas de fabrica a varias vitórias.
Eugenio era conhecido entre os pilotos como Eugeninho.
Falando em apelido, a origem de “Bino” era um diminutivo de Bambino (menino em italiano) do qual Christian era descendente, apesar do sobrenome Heins.
Wilsinho Fittipaldi tambem se inspirou em Bino para batizar o seu primogenito: Christian Fittipaldi.
Grande abraço.
Parabéns, Buzian, belo texto sobre um personagem que merece todo nosso respeito e homenagens.
Relembrando que o Bino Heins foi por algum tempo funcionário da Porsche na Alemanha e por lá correu de 550 em algumas subidas de montanha e também de F[ormula Jr., tendo inclusive protagonizado talvez a primeira dobradinha brasileira em provas européias quando chegou em segundo lugar no GP de Messina (ITA) em 1959, atrás de outro brasileiro o carioca Fritz D´Orey.
Parabéns mais uma vez e bem vindo ao botequim do Tio Saloma!
Parabéns, Buzian, belo texto sobre um personagem que merece todo nosso respeito e homenagens.
Relembrando que o Bino Heins foi por algum tempo funcionário da Porsche na Alemanha e por lá correu de 550 em algumas subidas de montanha e também de F[ormula Jr., tendo inclusive protagonizado talvez a primeira dobradinha brasileira em provas européias quando chegou em segundo lugar no GP de Messina (ITA) em 1959, atrás de outro brasileiro o carioca Fritz D´Orey.
Parabéns mais uma vez e bem vindo ao botequim do Tio Saloma!
Puxa vida !!! Já ganhei o meu dia,tendo dois “master teachers” como comentaristas do meu post…Muitíssimo obrigado a vocês,tanto por prestigiarem a minha “estréia”,quanto pelas informações adicionais,como sempre precisas e importantes !!!
Valeu pessoal,e vamos continuar o papo !!!!!
Puxa vida !!! Já ganhei o meu dia,tendo dois “master teachers” como comentaristas do meu post…Muitíssimo obrigado a vocês,tanto por prestigiarem a minha “estréia”,quanto pelas informações adicionais,como sempre precisas e importantes !!!
Valeu pessoal,e vamos continuar o papo !!!!!
Parabéns Buzian,
Justa homenagem à um dos melhores pilotos que o Brasil já teve, não o único, é claro, mas um excelente piloto e chefe de equipe.
Só que o VW das Mil Milhas não era tão original assim, todo o recheio era Porsche, montado pelo Jorge Lettry.
Parabéns Buzian,
Justa homenagem à um dos melhores pilotos que o Brasil já teve, não o único, é claro, mas um excelente piloto e chefe de equipe.
Só que o VW das Mil Milhas não era tão original assim, todo o recheio era Porsche, montado pelo Jorge Lettry.
Parabéns sim, com louvor. Eu era moleque e ‘amava’ Bino Heins. Chorei pra dedéu quando vi as radio fotos antes da publicação nos jornais (meu pai trabalhava nos Diarios). Ficaram as lembranças de um fora de série que se foi cedo demais…
Parabéns sim, com louvor. Eu era moleque e ‘amava’ Bino Heins. Chorei pra dedéu quando vi as radio fotos antes da publicação nos jornais (meu pai trabalhava nos Diarios). Ficaram as lembranças de um fora de série que se foi cedo demais…
A morte prematura do Christian Heins permitiu a ascensão do Luiz Antonio Greco – que então o secretariava – como chefe da equipe Willys, o que permitiu ao velho Trovão escrever uma das mais belas sagas do nosso automobilismo tupiniquim, primeiro na Willys, depois na Ford e Equipe Bino/Greco.
A morte prematura do Christian Heins permitiu a ascensão do Luiz Antonio Greco – que então o secretariava – como chefe da equipe Willys, o que permitiu ao velho Trovão escrever uma das mais belas sagas do nosso automobilismo tupiniquim, primeiro na Willys, depois na Ford e Equipe Bino/Greco.
Mestre Joa,
Muito bem lembrado…Pretendo escrever sobre o Greco também,e prestar uma mais do que merecida homenagem ao homem que profissionalizou as equipes de corrida por aqui,e também minha amizade com a família,que me forneceu material precioso a respeito,mas essa saga terá de ser contada em vários capítulos…
Mestre Joa,
Muito bem lembrado…Pretendo escrever sobre o Greco também,e prestar uma mais do que merecida homenagem ao homem que profissionalizou as equipes de corrida por aqui,e também minha amizade com a família,que me forneceu material precioso a respeito,mas essa saga terá de ser contada em vários capítulos…
Parabéns, Mário
Bela homenagem a um piloto que não conheci pessoalmente, mas lia e ouvia muito sobre ele.
Lembro-me que meu irmão e eu ficamos bem triste quando soubemos pelo rádio de sua morte.
A gente tinha um rádio antigo que pegava ondas curtas e meu irmão ficava sintonizando para ouvir as corridas lá de fora.
Meu nome e Waltraud Marie M. Heins.Casei com Bino a S.Paulo … faz tempo.Muito tempo. O dia era lindo – sol e ceu azul como se fosse ontem. Durma bem, meu amor.
Tua mais linda “lenda”… nossos sonhos estao guardados la no fundo do meu coraçao… lembro aquelas velhas palavras irlandesas: my heart is a little boat, your love is the shore.
Até mais…..
Parabéns, Mário
Bela homenagem a um piloto que não conheci pessoalmente, mas lia e ouvia muito sobre ele.
Lembro-me que meu irmão e eu ficamos bem triste quando soubemos pelo rádio de sua morte.
A gente tinha um rádio antigo que pegava ondas curtas e meu irmão ficava sintonizando para ouvir as corridas lá de fora.
Grande e merecida omenagem ao Bibo. Barabens. Apenas um reparo na afirmação de “Romeu” de que Christian era “italiano”. O pai de Christian era o alemão Carl Heinrich Christian Heins. Se Bino fosse italiano seu nome seria provavelmente Cristiano Einzio, ou coisa parecida. O mais provável é que “Romeu” seja de origem italiana, isso sim…
Grande e merecida omenagem ao Bibo. Barabens. Apenas um reparo na afirmação de “Romeu” de que Christian era “italiano”. O pai de Christian era o alemão Carl Heinrich Christian Heins. Se Bino fosse italiano seu nome seria provavelmente Cristiano Einzio, ou coisa parecida. O mais provável é que “Romeu” seja de origem italiana, isso sim…