FIA WEC 2024 | brasileiros no grid [13] Brasucas na Rolex 6 Horas de São Paulo, Augusto Farfus e Nicolas Costa
Augusto Farfus luta por título e corre em casa na Rolex 6 Horas de São Paulo, “Emoção única”. Nicolas Costa revê Interalgos como palco do FIA WEC no Brasil, “Concretização de vários sonhos”
Augusto Farfus: Vindo de uma maratona de três corridas de 24 horas em junho, brasileiro volta a acelerar no seu país-natal para seguir entre os principais candidatos ao título mundial da LMGT3 e se declara: “Interlagos sempre muito foi especial comigo”
Nicolas Costa: Dez anos atrás, o carioca acompanhou a então última etapa do Campeonato Mundial de Endurance em seu país-natal da mureta do Kartódromo de Interlagos. Nesta semana, será um dos dois pilotos a representar o Brasil na Rolex 6 Horas de São Paulo
Augusto Farfus
A quinta prova da temporada também representa um reencontro para Augusto Farfus, um dos dois brasileiros que disputam de forma integral o Campeonato Mundial de Endurance em 2024. Afinal, o curitibano de 40 anos terá novamente a oportunidade de correr em casa e acelerar no Autódromo de Interlagos para dar sequência a um momento muito favorável e que o coloca entre os candidatos ao título mundial do FIA WEC na nova classe LMGT3.
É a primeira vez que Augusto Farfus disputa o Mundial de Endurance de forma completa. O piloto foi escolhido como o piloto de graduação platina — a mais alta estabelecida pela FIA — a bordo da BMW M4 LMGT3 #31 da equipe belga Team WRT. O brasileiro forma trio com o indonésio Sean Gelael, ex-Fórmula 2, e o britânico Darren Leung. Juntos, o conjunto está na luta pela taça de campeão e ocupa a terceira colocação do campeonato, com 73 pontos, a apenas dois do topo da tabela.
“Nossa temporada vem sendo fantástica”, avaliou Augusto, que representa a BMW oficialmente há 18 anos, sendo o mais vitorioso piloto da marca bávara neste período.
Farfus lamentou somente o acidente em que seu parceiro Sean Gelael foi involuntariamente acertado por um hypercar Cadillac e não completou a TotalEnergies 6 Horas de Spa-Francorchamps, onde o trio do Team WRT tinha até chances de vencer. “Foi uma pena. Somos fortes candidatos ao título e, se não fosse aquele acidente, estaríamos na liderança do campeonato. Estamos a dois pontos do líder, então tudo é possível, e agora é acelerar no Brasil para dar sequência a essa boa temporada”, disse.
“Caixinha de surpresas” — Farfus viveu semanas muito intensas. No último junho, o paranaense disputou nada menos que três corridas de 24 horas: em Nürburgring, no início do mês; as 24 Horas de Le Mans, prova mais icônica do Endurance mundial e integrante do calendário do FIA WEC, onde terminou na segunda colocação; e fechou o período com a disputa das 24 Horas de Spa-Francorchamps, na Bélgica, sendo um dos postulantes à vitória até a hora final. Foi um mês intenso! Fazer as três 24 horas foi um grande desafio, sobretudo na parte física”, explicou.
Agora, Farfus se prepara para a Rolex 6 Horas de São Paulo, com os últimos ingressos ainda à venda. “Um dos nossos grandes objetivos nas pistas para esse ano é ganhar em Interlagos, além do Mundial. Vamos ver se conseguimos. Acho que pode ser uma ótima pista para o nosso carro. O clima instável pode sempre render uma caixinha de surpresas, mas temos tudo para alcançarmos um bom resultado. Difícil traçar um prognóstico do que pode ser a corrida, mas temos todas as condições para andarmos bem”, salientou.
A corrida mais recente de Augusto em Interlagos aconteceu em fevereiro de 2022, quando disputou a Corrida de Duplas que abriu a temporada da Stock Car Pro Series daquele ano como convidado de Daniel Serra e terminou no pódio, na terceira colocação. E as lembranças vão longe quando fala sobre ter corrido pela última vez uma etapa do Mundial no Brasil, na sua Curitiba, em 2010. “Foi na época do WTCC, já representando a BMW. Poder vivenciar esse momento novamente é uma emoção única, que vamos repetir agora. Interlagos sempre foi muito especial comigo, sempre consegui grandes resultados, então espero poder dar sequência a esse histórico”, destacou.
Campeonato em nova fase — Quando recebeu a missão de ser um dos líderes da BMW e do Team WRT na nova classe LMGT3 do Mundial de Endurance, Augusto Farfus ainda não tinha uma ideia clara do que poderia alcançar com a nova M4. Mas depois de percorrer metade da temporada e já tendo alcançado uma vitória — nas 6 Horas de Ímola — e o segundo lugar em Le Mans, o brasileiro se mostrou feliz com o desempenho da sua tripulação e do carro.
“Não sabíamos, sinceramente, o que seria nesse campeonato, com pneus novos, regulamentos novos, também. Não tínhamos ideia se seríamos competitivos ou não. E é a primeira vez com esse trio, formado também pelo Sean e o Darren, andando junto. Não tínhamos como imaginar como seria essa interação, mas vejo que vem sendo um sucesso, estamos sempre competitivos”, ressaltou o curitibano.
A disputa da Rolex 6 Horas de São Paulo abre a segunda metade de um campeonato que, daqui em diante, vai rodar o mundo: depois da etapa brasileira, o FIA WEC vai acelerar em 1º de setembro até Austin, nos Estados Unidos, com a Lone Star Le Mans, e 15 dias depois estará no Japão para as 6 Horas de Fuji. O encerramento do campeonato será no Bahrein com a Bapco Energies 8 Horas do Bahrein, no início de novembro.
“De todas as provas, São Paulo será a mais importante, sem considerar a etapa final, no Bahrein. Dessas quatro pistas, a única que não conheço é Austin, ainda não corri lá. É o começo de um novo ciclo na temporada para nós todos, com pistas de alta ou média velocidade que podem ser boas para nosso carro. A meta é pontuar sempre para poder levar esse campeonato aberto até a etapa final”, concluiu Farfus.
Augusto Farfus
Idade: 40 anos (03/09/1983)
Naturalidade: Curitiba (PR)
Classe: LMGT3
Equipe: Team WRT
Carro: BMW M4 LMGT3
Número: #31
Companheiros de equipe: Sean Gelael (IDN) e Darren Leung (GBR)
Currículo: campeão na Fórmula Renault 2000 Europeia (2001), Fórmula 3000 Europeia (2003), FIA GT World Cup (2018), Intercontinental GT Challenge (2020); vencedor das provas 24 Horas de Nürburgring (2008, 2010 e 2011), 24 Horas de Dubai (2011) e 24 Horas de Daytona (2019 e 2020, classe GTLM); vice-campeão do DTM (2013); 15 vitórias no WTCC (entre 2005 e 2009); vencedor nas 6 Horas de Ímola e segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans, pelo FIA WEC (2024)
_Com abraço de Valentino Rossi, brasileiro comemorou vitória nas 6 Horas de Ímola_
(BMW Motorsport)
Nicolas Costa
Há quase uma década, em 30 de novembro de 2014, o FIA WEC completava a temporada daquele ano no Autódromo de Interlagos. Entre os vários espectadores, houve quem acompanhou o desenrolar da corrida perto e distante ao mesmo tempo, na mureta do Kartódromo de Interlagos, a poucos metros do “templo do automobilismo brasileiro”. Então com 23 anos, Nicolas Costa era um desses espectadores sem imaginar que, dez anos depois, estaria no grid na volta do Campeonato Mundial de Endurance ao Brasil com a disputa da Rolex 6 Horas de São Paulo, que será realizada neste fim de semana, entre 12 e 14 de julho.
A trajetória de Nicolas tem sido uma verdadeira montanha-russa de emoções. Sensação em categorias de base no início da década de 2010, com títulos conquistados na Fórmula Futuro Fiat (competição apadrinhada por Felipe Massa) e nas divisões Europeia e Italiana da Fórmula Abarth, em 2012, Costa ainda conquistou o título de Super GT Itália em 2016, mas viu a carreira ser interrompida por falta de combustível financeiro na sequência daqueles anos. O cenário começou a mudar em 2023, quando teve a chance de voltar a correr de forma frequente ergueu o troféu de campeão brasileiro da Porsche Carrera Cup.
A conquista voltou a projetar o piloto no cenário internacional, e neste ano surgiu uma oportunidade até então inesperada: apoiado pela PRIO — maior empresa independente de óleo e gás do Brasil, Nicolas Costa corre o Campeonato Mundial de Endurance como um dos competidores da United Autosports com a McLaren 720S Evo LMGT3 #59. O carioca passou a integrar a elite das corridas de longa duração e, depois de estrear nas 24 Horas de Le Mans, agora vai ter a chance de voltar a Interlagos e ser não mais um espectador da mureta do kartódromo, mas sim um dos artistas do espetáculo na Rolex 6 Horas de São Paulo, com os últimos ingressos à venda.
“Difícil explicar em palavras” — A virada na carreira foi tão grande que surpreende o próprio Nicolas. “Poder correr no FIA WEC em Interlagos é a concretização de vários sonhos até chegar aqui. Na última vez assisti lá do kartódromo, não tinha ingresso nem para a arquibancada. De lá para cá, muita coisa mudou. Uma sensação boa, sabe? De ser grato por tudo o que passei, os altos e baixos… Os ‘baixos’ que te fazem apreciar os momentos mais altos da vida”, disse o piloto, hoje com 32 anos.
“Desde o ano passado tudo tem sido muito especial: na Porsche Cup, por exemplo, foi um negócio incrível, um sonho poder voltar a correr. E agora, com a nossa evolução nesse ano ao chegar no FIA WEC, foi um salto grande. E, pelo visto, foi um salto certo. Estamos dando conta do recado, tem tudo sido incrível, e é uma realização maior ainda. É difícil explicar em palavras, mas quando vejo os caras que estão ali à minha volta, competindo contra mim, caras que via na TV e hoje estou ali, correndo com eles, de igual para igual, e com capacidade de andar na frente deles, tudo isso tem sido realmente incrível. É tudo muito especial, sobretudo por representar meu país num campeonato tão fantástico como esse. Eu me sinto motivado demais para vencer essa corrida”, destacou.
Evolução planejada — A temporada 2024 vem entregando muitas novidades na carreira de Nicolas Costa. Primeiro, pela responsabilidade de ser um dos nomes da McLaren no Mundial de Endurance, representando a United Autosports, tradicional equipe do Endurance e que tem como chefe Zak Brown, justamente o CEO da famosa marca britânica. O competidor também tem vivido a experiência de desenvolver o carro durante o campeonato. E mesmo com o notório aprendizado, o crescimento ao longo do ano tem sido claro, seja em termos de performance ou de conquistas, como o top-5 na TotalEnergies 6 Horas de Spa-Francorchamps, em maio, e a chance de liderar as 24 Horas de Le Mans, no mês passado, na prova que foi o maior desafio para o conjunto formado também por Grégoire Saucy e James Cottingham a bordo da McLaren #59.
“Nossa temporada tem sido muito boa e, embora nem sempre conseguimos ter resultados expressivos, habitualmente estamos lutando nas posições lá na frente. Na primeira corrida, já mostramos potencial para andar entre os dez primeiros. Depois, andamos entre os seis mais rápidos, embora tivéssemos um pneu furado, o que nos fez terminar em 11º em Ímola. Em Spa, lideramos a prova, mas por uma eventualidade com o safety-car finalizamos em quarto. Mesmo assim, entramos no segundo objetivo, que foi andar entre os cinco primeiros em um campeonato super competitivo”, comentou.
“Em Le Mans, novamente lideramos a corrida e tínhamos grandes chances de ir ao pódio. Estamos exatamente onde queremos estar, muito satisfeito também com minha performance pessoal, e a equipe também. Temos de estar extremamente positivos e, com o que apresentamos até agora, estou muito feliz”, disse.
Pressão e prazer — Na visão de Nicolas, correr em Interlagos representa uma ‘carta na manga’, sobretudo no início dos trabalhos de pista em São Paulo. “Conhecer a pista me favorece bem, principalmente nos primeiros treinos. Sabemos que algumas equipes já foram treinar em Interlagos, de forma que esse fator cairá por terra rapidamente. Entretanto, por conhecer tão bem a pista, certamente isso deve representar alguma vantagem que vou ter sobre alguns dos outros caras. E ter uma vantagem em um campeonato como esse é sempre importante”.
Embora sinta a emoção de correr em casa e, pela primeira vez, acelerar no seu país em uma etapa de campeonato mundial, Nicolas sabe o tamanho da responsabilidade e, até por isso, deixa claro: vai dar tudo de si para viver uma grande jornada no traçado paulistano.
“O sentimento é o da realização de um sonho, mas esse cenário também me traz uma certa forma de pressão, já que eu quero muito performar bem, seguir minha carreira no FIA WEC. Ao mesmo tempo, tem sido muito prazeroso e, mesmo com essa pressão, estou conseguindo curtir o momento e aproveitar cada etapa. Tudo isso tem sido muito legal para mim”, concluiu Nicolas Costa.
Nicolas Costa
Idade: 32 anos (14/11/1991)
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ)
Categoria: GT3
Equipe: United Autosports
Carro: McLaren 720S Evo LMGT3
Número: #59
Companheiros de equipe: Grégoire Saucy (SUI) e James Cottingham (GBR)
Currículo: Campeão da Fórmula Futuro Fiat (2010); campeão das Fórmulas Abarth Italiana e Europeia (2012); campeão Super GT Itália (2016); campeão Porsche Carrera Cup Brasil (2023)
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