CLAUDIO DANIEL RODRIGUES – MECÂNICO, PILOTO DE CORRIDAS E DE AVIÕES, PERCURSOR DOS KARTS
Apaixonado por barcos a vela, Claudio Daniel Rodrigues nasceu em São Paulo, filho do engenheiro civil Daniel Rodrigues Júnior e de Dna. Beatriz Migueis Rodrigues.
A família morava na Rua Angatuba no bairro do Pacaembu. Seu pai era empresário de sucesso, sendo um dos responsáveis pela introdução da marca Bardahl no Brasil. Seu pai tinha paixão pelos carros e pela velocidade.
Estudou o ensino básico no tradicional colégio São Luiz, e depois foi cursar o científico no Canadá. Por lá entrou para o segmento militar, e tirou seu brevê de piloto de aviões. Nos EUA foi instrutor de voo. Ao retornar ao Brasil, na época da segunda guerra, foi Tenente da FAB, onde atuou como instrutor de voo cego. Não chegou a cursar o nível universitário, mas fez vários cursos de mecânica avançada no Brasil e no exterior.
Depois do final da guerra, esteve na Inglaterra e desenvolveu para a MG um modelo de escapamento que aumentou em 7 hp a potência do carro. Foi um apaixonado pela mecânica de carros, aviões e barcos. Foi representante no Brasil de algumas marcas de carros (MG, Morris, Austin e depois Romisetta). Foi também autorizado Willys. Baseado no chassis do MG TC, construiu na época nove modelos esportivos.
Em 47 casou-se com Sylvia Pereira Bueno, irmã de Vasco e Luiz Pereira Bueno. Apesar de seu pai ter dado para ele uma fazenda de presente, para que deixasse de pensar em mecânica, logo a fazenda foi vendida, porque Claudio gostava mesmo era dos carros. Junto com o cunhado Vasco, abriu sua primeira oficina na Rua dos Estudantes, onde desenvolviam carros para corridas.
Claudio foi um dos fundadores do Automóvel Clube Paulista. São Paulo nos anos 50 fervilhava com as corridas. Com os irmãos Vasco e Luiz Pereira Bueno, participou de provas em Petrópolis, subidas de montanha, corridas de rua pelo interior e em Interlagos. Como piloto nunca teve grande destaque. Chegou a participar de uma prova em 54: “24 Horas da Mercedes Benz”, e neste ano separa-se da esposa.
Em 57 em uma de suas viagens aos EUA, viu pela primeira vez os Karts que estavam despontando por lá. Na volta ao Brasil decidiu que iria ele mesmo construir seu próprio Kart. Levou mais de um ano estudando e consultando revistas especializadas. Junto com Mario de Carvalho que fabricava motores de popa de baixa rotação, deram início a fabricação dos primeiros Karts brasileiros.
O primeiro modelo tinha o nome de “Bruxa” e o logotipo da fábrica era mesmo o perfil de uma bruxa, cavalgando uma vassoura. O banco era alto como uma cadeira. O volante era parecido com um guidão virado ao contrário.
A cobaia do protótipo, foi o próprio Claudio Daniel, que aprovou o resultado e fabricaram mais sete modelos. Com estes sete karts, foi organizada a primeira prova, com a molecada que estava despontado para o automobilismo. Foi realizada no Jardim Marajoara em 1960.
Alguns dos participantes além de Claudio Daniel Rodrigues, foram: Maneco Combacau, Carol Figueiredo e Wilsinho Fittipaldi. Wilsinho já nesta primeira prova se destacou, vencendo a disputa. Como o nome “Bruxa” não era lá muito comercial, foi mudado para “Rois Kart”. Logo o Kart virou febre, e a fábrica cresceu, chegando a produção a cerca de 35 karts por mês.
Surgiram concorrentes como o Mini dos irmãos Fittipaldi e o Silpo de Silvano Pozzi. O barulho dos Karts incomodava os vizinhos onde as provas ocorriam. E pararam de ser realizadas no Jardim Marajoara (próximo ao Pacaembu). O primeiro kartódromo foi inaugurado no Santa Cruz Country Club em Cotia. O kartódromo de Interlagos seria inaugurado apenas no final dos anos 60.
Durante a primeira metade dos nos 60 o Kart ganhou projeção, e revelou para as corridas de carros toda uma geração de pilotos que viriam a brilhar nas pistas logo depois. Como toda a paixão passa, Claudio Daniel vendeu parte da fábrica para seu sócio Maneco Combacau, e para os irmãos Fittipaldi (depois se tornaria a Mini).
Apaixonado pelos barcos a vela desde os anos 50, ele tinha uma embarcação na represa de Guarapiranga, e curtia com outros amigos das pistas: Luiz Lara Campos, Paschoal Nastromagario, Ciro Cayres, Celso Lara Barberis. Foi morar em Ilha Bela no Litoral Paulista, e seu sonho era construir um veleiro transoceânico, para viajar para a Polinésia Francesa. A construção foi iniciada; a embarcação tinha 38 pés, feita de compensado naval e fibra de vidro.
Nos deixou cedo em 1972 aos 53 anos, não podendo realizar seu sonho de viagem através dos mares.
Por Leonarde Pavani – administrador da página “OS PRECURSORES” e colunista do site Conexão Saloma.