POR DENTRO DO RONCO DOS MOTORES…

…do Brasileiro de Marcas! Depois da sétima etapa em Londrina, e tendo a companhia do brother Luiz Garcia, que muito ajudou na empreitada, e como gritam alto as usinas dos Astra, Civic, Corolla, Focus. Mesmo porque pelo que vimos em Londrina, sobra tecnologia e como seria interessante se outras marcas aderissem ao Campeonato. Mas para explicar ao pé da letra a alma das baratas, que geram essa cavalagem absurda e um equilíbrio fantástico, fui conduzido pelo Garcia aos engenheiros da JL Racing Products, na gerência do Zequinha Giaffone e fui prontamente atendido, mesmo sabendo que eles tinham pouco tempo para se preparar e revisar para a última etapa em Curitiba. A atenção dos caras foi fantástica e segue o conteúdo passado pelo Felipe Faria do depto. de motores…

Saloma, antes de falar do motor, vou contar um pouco da história dele e da categoria TC2000 e como esse projeto veio parar aqui.

TC 2000_Argentina #2011
A TC2000 é uma categoria muito tradicional da Argentina (acima), como muitos sabem. Apesar de não ser mais popular que a Turismo Carretera, é a que envolve mais desenvolvimento, tecnologia e tem os maiores orçamentos. Até 4 anos atrás, cada equipe da TC2000 fazia e preparava seu próprio motor. Os motores passavam de 350cv, na maior parte deles e não tinha nada em comum com a versão de série dos carros que equipavam. Capazes de girar até 8000 RPM eles eram responsáveis pela maior parte do orçamento das equipes, tanto em desenvolvimento quanto em manutenção. Como os custos se tornavam cada vez mais exorbitantes e em meio à crise de 2009, a organização da categoria sentiu que deveria frear um pouco os gastos das equipes. Assim, contrataram o preparador de renome internacional, Oreste Berta, que era dono da equipe oficial Ford-YPF-Berta, para fornecer um motor genérico à toda categoria. Detentor de vários títulos, Oreste vendeu sua equipe para se dedicar ao fornecimento de motores à categoria, num sistema parecido ao que a JL faz há 11 anos com os motores V8 da Stock Car.

O motor projetado por Berta para a categoria era baseado no motor de sua equipe, mas tinha que ser mais durável e barato. Por isso ele trocou vários componentes e reconfigurou os parâmetros de injeção.
Motor Berta_Brasileiro de Marcas #2011
O limite de giro é de 7400RPM, e desenvolve 315cv. A eletrônica e aquisição de dados são da Motec, e o câmbio, peça mais cara do carro, é o Xtrac sequencial de 6 marchas.
Motor Berta_Brasileiro de Marcas #2011 D
A alimentação tem 4 bicos de alta vazão e o comando tem alta graduação. O comando do motor é tão “bravo”, que a lenta só se estabiliza com misturas muito pobres e o avanço de ignição bem atrasado, e isso faz um barulho diferente, bem marcante. O escape é 4×1 e sai ao lado do carro, bem próximo ao cofre do motor, gerando um ruído agudo e muito intenso, característica da categoria.
Motor Berta_Brasileiro de Marcas #2011 C
Note no coletor de admissão que os dutos são bem longos. Essa foi a maneira que o Berta conseguiu mais potência e torque em baixas rotações. O damper azul ligado ao virabrequim serve para equilibrar vibrações de segunda e terceira ordem.
Esse motor veio para o Brasileiro de Marcas não por acaso. A organização buscava um conceito de categoria de turismo que pudesse chamar a atenção do público com carros modernos e ao mesmo tempo fosse viável para a realidade brasileira. E viram na TC2000 um excelente modelo de competição que atendiam esses requisitos (se engana quem acha que a TC2000 é inferior a BRTCC e WTCC baseando-se na economia Argentina). Assim, o carro daqui é idêntico aos Argentinos em termos de conceito e nada melhor que trazer o mesmo motor. Esses motores foram importados e seu desenvolvimento e calibração foram feitos em parceria com a Oreste Berta S.A.. O equipamento é exatamente o mesmo, mas aqui foi limitado o giro e a potência para reduzir um pouco mais os custos com manutenção.
Motor Berta_Brasileiro de Marcas #2011 B
Motor Berta_Brasileiro de Marcas #2011 A
No Brasil o motor gira até 7100 RPM e gera 280cv e 27kg.m. Por isso usamos a restrição (acima).
A JL teve um excelente ano de estreia com esse motor, com quase nenhum problema e equalização garantida. E nós estamos muito satisfeitos com a parceria feita com a Berta, que se mostrou muito atenciosa com todos os detalhes”.

Felipe Faria
JL Racing Products

Vídeo da etapa de Londrina – 2ª Corrida, racha do início ao fim!

(reprodução)

Luiz Salomão

Blogueiro e arteiro multimídia por opção. Dublê de piloto do "Okrasa" Conexão direta com o esporte a motor!

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