AS MIL MILHAS DO ‘BARÃO’ WILSON FITTIPALDI E DO ELOY GOGLIANO

Parte de um textinho, feito na época para uma série de programas automobilísticas para uma rede internacional, e que foram ao ar na América Latina e acredito na terra do Tio Sam. Remete ao momento de saudade do Barão e seu companheiro de empreitadas o presidente do Centauro na época Eloy Gogliano.

“Farol na neblina é chegado o tempo das carreteras. O automobilismo gaúcho iniciaria em 1956 um período de glorias e novas conquistas. As carreteras gaúchas atravessaram mais de duas décadas com grande vitalidade a velocidades surpreendentes. E foram comandadas por homens que ao longo de suas vidas, dedicaram seus melhores momentos.

Com seus conhecimentos mecânicos, traduziram em velocidade suas emoções nessas verdadeiras maravilhas sobre rodas. E com esse pensamento as carreteras rumariam para fazer a prova de longa duração, que se tornaria um ícone no automobilismo brasileiro e internacional, nos anos 90.


Foto dos treinos para a 1ª edição das Mil Milhas de Interlagos, em 1956, fornecida pelo Blog das Mil Milhas. Na imagem, os antigos boxes de Interlagos, que ficavam onde hoje é a subida do café. As carreteras: Chevrolet Nº 4 – Aristides Bertuol e Valdir Rebeschini (3º lugar na prova) / Ford Nº 30 – Luciano Bonini e Cláudio Daniel Rodrigues (5º lugar na prova) / Ford Nº 52 – Luiz Valente e Djalma Pezzolato (15º lugar na prova) (Blog das Milhas milhas)

As primeiras Mil Milhas Brasileiras, em 1956, estavam para receber seus competidores ilustres, as carreteras gauchas, que convidadas aceitaram o desafio de fazer uma prova de longa duração em circuito fechado. Na verdade o que se propunha, era um teste verdadeiro teste de resistência para homens e máquinas, mas isso já estava no currículo dos mestres das carreteras.

A prova foi marcada para os dias 24 e 25 de novembro, e um contingente de gaúchos seguiram para São Paulo convidados pelo “Barão” Wilson Fittipaldi. Alguns foram a reboque ou transportados de avião; outros foram amasiando as carreteras na estrada, assim afinando seu conjunto. Com apoio total da mídia escrita e de TV e com apoio de empresas de autopeças, o investimento para a prova estava garantido, com relevância para os seus criadores, Wilson Fittipaldi e Eloy Gogliano do Centauro Motor Clube.

Com uma largada, formada de 31 duplas, 13 do Rio Grande do Sul, 14 de São Paulo, três do Paraná e uma de Santa Catarina, já daria para perceber que o domínio total era do sul do país com 18 concorrentes.

Detalhe, o “vovô” Primo Fioresi, de 79 anos, piloto veterano, com passagem por diversos Grandes Prêmios, inclusive da primeira corrida da Gávea, em 1933, estava com empolgação de novato.

A largada ao estilo Le Mans, seguiu o ritual. As carreteras sulistas disparam em grupo, não se importando com os ritmos alucinados de outros concorrentes. E assim foi até o final, com Catharino Andreatta e Breno Fornari, levaram a carretera de numero 2 ao primeiro lugar da prova, confirmando assim a hegemonia dos gaúchos em provas de longa duração. Para essa prova, o fator determinante, foram os desgastes de pneus. O piso da pista de Interlagos, muito abrasivo, fazia com que paradas freqüentes aos boxes eram necessárias para troca. Foram consumidos na prova no total de 450 pneus. Um valor alto para uma prova de circuito fechado.

Em 1957, as carreteras retornariam a solo paulista, para participarem da segunda edição da prova. Com um interesse muito grande pela prova, as duplas pularam e 31 em 1956 para 42 em 1957. Novamente o grupo de gaúchos superava todos. Essa Mil Milhas entraram para a historia como uma das mais polêmicas e também trágicas de todas as suas edições.

Dada a largada Djalma Pessolato, rasgou na frente de todos. José Gimenez Lopez tinha problemas com as luzes traseiras da sua carretera, que o fez parar nos boxes depois de nove voltas, passando o tempo limite. Só não o foi, porque seu companheiro de dupla era nada menos do que Chico Landi.
Pessolato continuo em primeiro e passou para Camillo Christófaro a carretera na décima sete volta. E a briga na frente das carreteras era grande, mas Interlagos tinha das suas, e não era só o asfalto que pedia atenção, devido ao desgaste de pneus. Era contornado por matagal que abrigava animais que passavam pela pista. E num momento infeliz, já tendo trocado de posição com seu parceiro de dupla Camillo, Pesollato com a carretera 68, encontrou pelo caminho um cavalo cruzando o asfalto e o pegou em cheio em alta velocidade.

Sem muitas opções de escape, deu um golpe na direção e lançou a carretera contra um barranco, que a fez decolar e capotar no miolo do circuito. O piloto socorrido e levado ao Hospital das Clínicas, onde foi a falecer. Alfredo Santilli foi outro que teve situações de perigo na prova, tendo que desviar do animal, e apesar de danificar sua carretera livrou-se da fatalidade.

Quando Chico Landi, conseguiu superar as duplas gauchas, foi informado nos boxes que ele estava desclassificado, pelo incidente da luzes apagas e demora em entrar para reparo. Landi completou a prova em primeiro, mas não levou, por intermédio de recursos, o Automóvel Club do Brasil, passou a vitoria para os pilotos gaúchos, mantendo assim a hegemonia nas Mil Milhas.

Mais um ano se passou e estavam os gaúchos com suas carreteras novamente em solo paulista, para a terceira Mil Milhas, já consagrada, como a maior prova de longa duração em circuito fechado da América do Sul.

E não diferente dos anos anteriores. “Nas Mil Milhas Brasileiras, os paulistas fazem a mesa e os gaúchos comem”… do sudeste ao sul só se ouvia essa frase, editada pela revista paulista Carro à Vista. E essa foi uma vitória fácil para a dupla Catharino Andreata e Breno Fornari, a melhor dupla de carretera que já passou por Interlagos.

E pela primeira vez a prova teve um glamour especial. A Miss Mil Milhas desceu de helicóptero e posou ao lado do troféu perpétuo. A cada ano, na base do troféu seriam gravados os nomes dos vencedores. O magnífico troféu encontra-se exposto na sede da Bardahl, patrocinador oficial da prova.

A foto dos primeiros vencedores da prova, a dupla gaúcha Berno Fornari e Catharino Andreatta, que venceram a disputa depois de 16h16min02s, com 4 voltas de vantagem para o VW Porsche de Eugênio Martins e Christian “Bino” Heins. Ao todo, largaram 31 carros (Blog das Milhas milhas)

A hegemonia de Catharino e Breno na prova era algo de absurdo. Novamente eles escreveram seus nomes no troféu da prova, chegando em primeiro em 1959 e se tornariam na década de 50 como a dupla com mais vitórias na prova”.

Fonte/reprodução /blogdamilmilhas.blogspot.com.br

Luiz Salomão

Blogueiro e arteiro multimídia por opção. Dublê de piloto do "Okrasa" Conexão direta com o esporte a motor!

Um comentário em “AS MIL MILHAS DO ‘BARÃO’ WILSON FITTIPALDI E DO ELOY GOGLIANO

  • 13 de março de 2013 em 13:04
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    Me sinto horado em ter meu blog citado em uma postagem sua, Saloma. Um grande abraço!

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